Carlos Manuel

 

Carlos Manuel Correia dos Santos 

 

carlos_manuel Posição: Médio Centro
Data Nascimento:
15/01/58
Naturalidade:
Moita
Altura/Peso:
178 cm / 77 Kg
Nacionalidade: Portuguesa

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ano clube j g a v va
77/78 CUF II -
78/79  Barreirense I 30 2
79/80  Benfica I 24 2
80/81  Benfica I 27 7
81/82  Benfica I 22  -
82/83  Benfica I 29
83/84  Benfica I 28
84/85  Benfica I  28 8 - - -
85/86  Benfica I 25 7 - -
86/87
Benfica I 23  3
87/88  Benfica I 8 1 - - -
87/88  Sion I (Suiça) 13 10 
88/89  Sporting I 31 
89/90  Sporting I 16 
90/91  Boavista I 13
91/92  Boavista I 4
92/93  Estoril I 33 
93/94  Estoril I 12

 

 

Palmarés
 

3º lugar no «Europeu» de França-84

Vencedor da Taça de Portugal (1979/80)

Vencedor da Supertaça(1979/80)

Campeão nacional da I Divisão (1980/81)

Vencedor da Taça de Portugal (1980/81)

Campeão nacional da I Divisão (1982/83)

Vencedor da Taça de Portugal (1982/83)

Campeão nacional da I Divisão (1983/84)

Vencedor da Taça de Portugal (1984/85)

Vencedor da Supertaça (1984/85)

Campeão nacional da I Divisão (1986/87)

Vencedor da Taça de Portugal (1986/87)

 

 

42 internacionalizações pela Selecção A, 8 golos. Estreou-se em 26-3-80, em Glasgow, contra a Escócia (1-4) despediu-se em Guadalajara, no «Mundial» do México, em 11-6-86, contra Marrocos (1-3) .

 

 

Aos quatro anos, Carlos Manuel recebeu equipamento de futebolista em miniatura, mas faltavam-lhe as chuteiras. Chorou por elas, de tal modo que o padrinho, Manuel Augusto, fervoroso adepto do Belenenses, pediu a um vizinho sapateiro que lhe fizesse umas à medida dos pés do garoto. Custaram 40 escudos, ficando, para sempre, como sinal do destino do petiz, filho de um operário da CP.

Depois da escola primária na Moita, a Telescola em Alhos Vedros, o liceu no Barreiro. Por essa altura, descobriu outras paixões: o ténis de mesa, o bilhar e o hóquei em patins. E a tourada. Sonhou tomar-se forcado, o sonho manteve longos anos...

De súbito, ele que fora sempre bom aluno, começou a faltar à escola, acumulando raposas, infernizando, assim, a paciência do pai que o imaginava engenheiro ou doutor. Para evitar reprimendas, aos 13 anos, sem dar patavina em casa, empregou-se numa... tipografia, em Lisboa. Para estar em ponto no emprego, tinha de levantar-se de madrugada, apanhar o barco das 6.30. Mal lhe sobrava tempo para jogar futebol, para tentar nos terrenos vadios da Moita, imitar o Damas ou o Peres, os seus ídolos. Era do Sporting. Sempre fora. Trabalhar assim parecia penitência. Pelo que o pai juntou empenhos para que o filho entrasse para a CP, como aprendiz de serralheiro. Ingressou nos quadros da companhia, mal acabara de fazer 14 anos. Estudando à noite, galgou no curso da escola industrial, pelo que, pouco depois, de aprendiz passara a oficial de segunda.

 

O dia em que a Cuf chumbou... Chalana!

 

carlos_manuel_barFoi a testes ao Barreirense, chegou ao campo a fervilhar de esperança, desolado ficou quando lhe disseram que voltasse na semana seguinte. Não voltou, mudou de rota, apresentou-se na Cuf, onde até já jogara... hóquei em patins. Nesse dia treinou-se com... Chalana, que foi chumbado(!) pelos prospectores. Carlos Manuel encantou. E ficou.

Abalroado, seu treinador, andava de tal modo encantado que tentou que os técnicos da primeira categoria da Cuf o promovessem à equipa de honra. Quando estava na iminência disso, em jogo com o... Barreirense, sofreu lesão grave, que o lançou mais de quatro meses no estaleiro. A sua hora ficou, assim, adiada...

Portugal vivia o tempo do PREC, a CUF entrou em agonia, a Carlos Manuel recusaram os 10 contos por mês que lhe tinham prometido pela sua passagem a sénior, bateu com a porta, logo surgiu o Barreirense, treinado por Manuel de Oliveira, a cobrir a parada.

 

Nove horas por dia com marreta de oito quilos...

 

Em finais de 1978, despertara já interesses vários. Em operação-relâmpago, sabendo que o Sporting e o F. C. Porto estavam na corrida, emissários do Benfica deslocaram-se ao Barreiro para o contratar. Foi por essa altura que desvendou: «Nove horas por dia a malhar nas rodas do comboio com uma marreta de oito quilos nas mãos talvez seja essa a explicação para a tal força de que vocês falam, mas o fumo da forja anda a dar cabo de mim, se eu fosse profissional...»

Jogador temperamental, muito rápido, tecnicamente quase perfeito, com um espírito de sacrifício que lhe viera da vida dura da forja, explosivo a todo o campo, Carlos Manuel chegou à Luz e pegou de estaca. Difícil seria acontecer o contrário. Não precisaria sequer de esperar muito para que o seu carisma transbordasse e ele, que sempre fora sportinguista, se tomasse um exemplo do que ainda era a mística do Benfica. Só Lajos Baroti não compreendeu a importância do seu futebol vagabundo e, por isso, durante o seu magistério, Carlos Manuel andou em lusco-fusco, maldizendo a sorte, esperando, secretamente, oportunidade para mudança de ares. Mas mal Eriksson aterrou na Luz, encantando-se como seu jeito de jogador-com-raça-de-toureiro, o seu horizonte desanuviou-se de novo...

 

Dirigente do Benfica pagou-lhe 5000 contos para deixar a Luz!

 

Em 1983, Carlos Manuel esteve à beira da conquista da Taça UEFA. Foi por pouco. No ano seguinte, no Europeu de França, haveria de protagonizar episódio insólito, que retrata bem o modo como a saga de bronze de os patrícios se (des)fez. Portugal jogava em Nantes, contra a Roménia. Andaram mosquitos por cordas, por causa da guerra entre portistas e benfiquistas, latente desde o primeiro dia. Carlos Manuel foi anunciado como suplente, em favor de Jaime Pacheco, mas, quase à última hora, Fernando Cabrita decidiu que para o banco iria o médio do F. C. Porto. Entrou em campo a ferver de impaciência. Pudera. Quando a partida terminou, desabafou assim: «António Morais não queria que eu jogasse para beneficiar um jogador que ele treinava. Pessoalmente, até admito que Jaime Pacheco tivesse merecido jogar, mas grave foicmanuel_cartoon que António Morais nem sequer tivesse comparecido à palestra, pelo que, no final do encontro, outros jogadores e eu próprio sentimos que ele não era português»!!!

Sempre foi assim: como coração ao pé da boca. Frontal. Intrépido. Quem não é capaz de envolver alguns sentimentos em mantos diáfanos do cinismo pode tomar-se incómodo. Aconteceu com Carlos Manuel. Por isso pagou factura alta. Talvez por isso tenha sido o principal homem a abater no rescaldo da tragicomédia de SaltilIo; talvez por isso tenha sido escorraçado do Benfica, pouco depois. Foi para Sion, a Sion o foi buscar, como uma das suas unhas de oiro, Jorge Gonçalves. Chegou a Alvalade e lançou, polemíssima, a revelação de que um alto dirigente do Benfica lhe pagara 5000 contos para que não regressasse de Sion à Luz! Passou duas épocas «muito bonitas» no Sporting. «Depois da fuga para Sion, após Saltillo, que serviu para reflectir, para ordenar ideias, para definir o comportamento a ter no futuro, conheci a realidade de outro grande clube, que me proporcionou outra das grandes alegrias que tive na minha vida desportiva: ganhar o Prémio Stromp.»

Em Alvalade, esteve até Abril de 1990. Rescindiu contrato, com mais uma denúncia à despedida:

«Com Raul Águas só jogavam os amigos.» Foi para o Bessa, mas lesões várias ensarilharam-no. Fechou a carreira de futebolista no Estoril. Treinador se fez. Pelos sinais que já deu, o céu pode continuar a ser o seu limite. Apesar de ter o coração ao pé da boca, o que no futebol português ainda é empeço...

 

A eterna magia de Estugarda

 

cmanuel_moita Carlos Manuel foi um jogador fantástico. No seu caso, a glória quase se poderia resumir à magia de um pontapé. Em Estugarda. «Precisávamos de ganhar à Alemanha, que não perdia, actuando no seu reduto, havia 36 anos. Mas, mais do que, com aquele remate, em jeito de funda medieval, ter abatido um gigante, valeu o facto de o golo ter contribuído para que Portugal se apurasse para o Mundial do México. E foi, por isso, um golo empolgante, reconheço que se há-de falar dele pelo menos nos próximos 100 anos, mas não me esqueço de, antes disso, na fase de apuramento para o Europeu de França, ter marcado, na Polónia, um outro golo, igualmente decisivo. E mais, também marquei o golo com que, no México, batemos a Inglaterra de Bobby Robson.» Carlos Manuel, que antes da entrada em liça lera o Livro do Desassossego de Bernardo Soares, apontado como um dos subversivos cabecilhas do movimento reivindicativo dos jogadores, após a vitória sobre os ingleses, asseverou: «Esta foi a vitória da dignidade dos jogadores portugueses. »

Depois, de uma forma simbólica e muito significativa, ofereceu o prémio da vitória no jogo com a Inglaterra, que a FPF tinha decidido ser de 100 contos, à Casa do Gaiato de Setúbal. Após a tragédia causada pela vitória de Marrocos, foi o primeiro a declarar que não voltaria a jogar pela Selecção enquanto Silva Resende se mantivesse na FPF. Ao contrário de quase todos, cumpriu a promessa. Com a dignidade com que sempre esteve na vida. E o espírito que bem poderia ter feito de si... forcado!

 

 In "100 figuras do futebol português - Abola - 1996"

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